terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fotografia


                                              Foto de Priscila Caminha

Fotografias são revelações da alma. O olhar fotográfico, de longe é o mesmo olhar de quem as vê. Fotos me revelam sensibilidade, nelas vejo cores, sinto texturas, sinto gozos. A luminação iluminada em cada flash, revela um pano de fundo que cada fotógrafo escolhe.
Visito cemitérios, neles vejo fotografias antigas em cores que parecem falar comigo. Fito olhares mortos, eles falam, gesticulam, articulam e selam ausências desbotadas esgotadas pelo tempo.
Fotografias em preto e branco, são como alma e corpo que precisam de luz para obter sombra. Elas se fundem numa neutralidade permanente, por isso, falam comigo. Elas precisam de papel e de revelação, é a vida imitando a arte em cores dadas por mim.
Criar imagens por meio da luminosidade poderia chamar de foto, mas a fotografia é algo além da foto, além de mim e do próprio autor. Comparo as belas fotos com comportamentos, elas se refletem na lente de quem as lê, de quem as vê. Vemos pessoas, mas não vemos sua alma. A fotografia para que de fato exista, tem de ser revelada. A alma, quando exposta, também revela. Pode ser colorida, desbotada e sem cor. Resvala-se entre o imediatismo e o factual.
Nada me revela mais que a arte. Trago comigo meu script, modifico-o com o passar das horas e nele envelheço revelando minha fotografia hormonal. Tombo com o tempo, amareleço, desboto e me inquieto olhando pra você que me vê de fora pra dentro.

                                                                              Texto de Rosana Rodrigues
                                                                              

 

Um comentário:

Beatriz disse...

Ameei isso !!