quinta-feira, 26 de maio de 2011

MEDO


Sou tua. Por ser teu par; sou tua Lua na rua.
Venho, pois tenho hora. Velando o mar sigo o rio no cio.
Não sei se vens. Mas se vens, traz-me o sal e o Sol do teu mar
Se for amor, sele em minha pele o falo do teu corpo inteiro
Minha morte tem o som da tua sorte que luta no luto do amor
Qual dual somos, se estou focada e tocada em teu falo ereto
Vai. Sai..., vai tocar a tua vida
Insisto. Resisto em desistir de ti
Por ser teu par; parto em minguante Lua riscando a rua.
Se é sorte ou morte, luto em lutar por ti.

Texto e foto: Rosana Rodrigues

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ROSAS

Rosas, flores nomes próprios. Me aproprio das rosas tranzendo-as no próprio nome. Rosas do amor eterno, do segredo infindo e da gratidão presente. Rosas pra cobrir o morto, rosas pra jogar em noivos, rosas que exalam cheiros, que perfumam as noites e encantam amores. Faço poema pra flores rosas . Ah, e que rosas!
Amo as margaridas, acho-as singelas, as hortências com sua imponência, as violetas em diversas matizes, nossa! Parecem retalhos de tecido cetim. Elas são femininas, destacam-se como grandes mulheres coloridas. Mas as rosas, essas pra mim, são como damas que escondem segredos em espinhos. Uma espécie de hímen controlando a virgindade entre cravos e girassóis, ali, respeitados por elas. As rosas me confundem em cores, não consigo escolher um buquê, porque, permanecer entre as rosas, é desfrutar do olor e do segredo gerado por elas.

                                                       Rosana Rodrigues

segunda-feira, 21 de março de 2011

Crônica do Dia: Sons e Fatos

 Abne, Adler e Áldrin, são triatletas de triatlo, tetracampeões de dardo. Adequam-se às adversidades, compram abstracionismos e gostam da Petrobrás, atual patrocinadora. Ficam absortos no tempo e se consagram.
Admê tem acne, preto é o peito do pé de Pedro. Eles flertam, tocam flauta e flautim, são culturas gregas.A banda passa e o bumbo toca, blum, durundum tum tum, blum, durundum tum tum. A carruagem tem um som que faz assim: tataralá tatá, tataralá tatá, tataralá tatá. Habilá, que é irmão de Abdala, finge que se aflige, quando o grupo de trovadores passa.
Brucutu, Clodô e Climério brincam com o coldre para assustar Fligliadna. Fligliadna é filha de Flisberto Gomes com dona Adna, a junção do nome dos pais originou esse pré-nome, da qual a coitada envergonha-se até a morte. Mas seu Flisberto não furtou-se em nomear seus filhos esquisitamente; e assim, prosseguiu: Drondnan, Dloblendlon, Grustliclara, Blandracilda e Fligliadna. Seriam nomes ou apêndices? A bem da verdade, devemos respeitar. Afinal, cada qual com seu cada qual, mas atrelar esses nomes para o resto da vida, valha-me Deus!
Você já teve afta? Afta dói no canto da boca ou no meio da boca. Conheci um agrônomo que tinha afta, sofria até com o advento da bicha; Da afta, claro. Lembro-me do dia em que foi a uma matinê assistir “Arpoador, o grafiteiro e o marinheiro”. Acho que era assim; não lembro muito bem o nome do filme. Por um átimo de segundo esqueci, às vezes as palavras aglutinam-se e me causam embaraços, Amnésia, acho. Sabias que um dia quase tomei estricnina pensando que fosse remédio? Já imaginou? Coisa de maluco. Por essas coisas, lembro de Astênio, um grande amigo; ele não gostava do seu nome, achava-o feio e esquisito. Ele era professor de álgebra, gostava quando ele dizia: meu preclaro amigo que bom vê-lo. Sempre muito apaziguador quando já não estávamos tão sóbrios. Falava muito de macrodrenagens, de acrobacias, dos patrões, das aclamadas festas quando recebíamos os qüinqüênios vultosos, néctar dos Deuses.
Astênio gostava de por no liquidificador, vodka, espinafre, berinjela e orégano; dizia que era afrodizíaco, só ele tomava. Grande Astênio, lembranças boas apaziguam mau humor. Astênio era esplêndido! Fez eletroencefalograma, ecocardiograma, quimioterapia, extrapolou seus limites e morreu dormindo.

                                                                        Rosana Rodrigues

sexta-feira, 18 de março de 2011

Crônica do dia: Fotógrafa Himelda

A fotógrafa arzeibaijana Himelda Massamassaci, titular da Universidade de Harvard, em Masssachusetts, Estados Unidos, lidera sozinha a lista das melhores fotógrafas do mundo. Consegue de forma extraordinária, capturar imagens em flagrantes fotográficos, maximizados pela sua sensibilidade transparente e democrática.
Sua lente fotográfica, de alto alcance, possibilitou-lhe registrar um dos momentos mais importantes da nova estruturação política européia – a “Perestróika”. Himelda Massamassaci, foi uma das primeiras fotógrafas a registrar a reforma econômica da antiga União Soviética. A participação popular conhecida como Glasnost, também fez parte desse cenário, que pôs fim, ao socialismo Russo, e, consequentemente, a independência das 15 repúblicas soviéticas: Rússia, Ucrânia, Maldova, Bielorrússia, Estônia, Lituânia, Geórgia, Armênia, Arzeibaijão, Casaquistão, Turcomenistão, Quisquistão, Usbequistão e Tajiquistão.
Himelda Massamassaci, ganhou do governo soviético e do prefeito de Massachussets, seis medalhas de ouro pelo que eles chamaram de “Olimpíada Holística Integrada”. Massamassaci voltou ao Usbequistão em 2007, para receber o título de cidadã usbequistaniana, e o prêmio de melhor fotógrafa do mundo.
                         
                                                      Rosana Rodrigues

Crônica do dia: Menino de Ouro

Auréolo Áureo, era um rapazinho imberbe meio surdo e que ouvia árias de Mozart, Chopin e Verdi nos mais altos decibéis. Era meteorologista, mas trabalhava no Instituto de Metrologia de Itaquaquecetuba interior paulista. Extremamente extravagante, usava em todos os dedos, inclusive dos pés, anéis. Eram tantos anéis, que Auréolo Áureo ganhou a alcunha de auréis. Claro, que ele não sabia.
Auréolo Áureo, era afeminadíssimo. Falava que quando fosse sexagenário ou octogenário, iria ao geriátra, ao proctologista, ao infectologista, e, se possível, até a um analista. Subsídios consequentemente para uma vida melhor. Contava que no carnaval de 1943, fantasiou-se de Arlequim, e, Aristóteles, seu irmão, de atleta atormentado – uma espécie de cabra braba meio epilética e atravancada que caía em cada esquina, afrouxando risos de quem os assistia, eles, muitos cônscios de seus papéis, seguiam na burlesca festa.
Dona Hulda Petrósvisk, natural da Techoeslováquia e madrasta de Auréolo Áureo. Deu-lhe de aniversário, um livro de Franz Kafka; e Kepler, seu amigo violoncelista, presenteou-lhe outro livro; “A outra história do Zimbábue”. Misto de Islamismo e Jacobinismo que trata da inconstitucionalidade e do intolerantismo de uma tribo zoomorfa zimbabuana. Conta ainda que um lavrador xifópago, que vivia numa região lacustre do Zimbábue, impermeabilizava sua casa com leite das lactentes, e com cabelo das lactantes, imbricava o telhado de sua morada. Este habitante, inconsciente de seus atos, cultivava crisântemos e begônias onde as crisálidas se abrigavam.
Auréolo Áureo, jactacioso que era. Falou-me que esses foram os livros mais bonitos que leu em toda sua vida.
                                  Rosana Rodrigues 

Crônica do dia: O Texto

Ele era trilingüe, precisava ser poliglota para discernir o texto todo em hebráico. Após o disposório e os convidados já devidamente amesendados, o ameríndio meio andrógino foi convidado pelo pai da noiva a fazer o intróito do texto, com qual pretexto não se sabe. Entretanto o acabrunhado rapaz, assim o fez: senhoras e senhores boa tarde. Essa tertúlia plutocrata e eubiótica, cujo jurisconsulto Kleper Kepler, que nesse momento acaba de esposar a senhora Hanna Hammad Abul, faz-se representar através desse hebdomadário, para que a população de sua cidade, seja contemplada com suas benevolências – e que, a partir dessa data, 01 de janeiro de 1913 os súditos sejam senhores de suas propriedades, cujos bens serão apartados.
O rapaz já com apnéia e transpirando até pela última vértebra, cansado de usar sua lexicografia, entregou-se a um gole de licor de tangerina. De repente, lá pelas tantas, estava a criatura com a garrafa nas mãos. Tagarelou por meia hora um dialeto estranho e incompreensível – falava que precisava fazer um becape de sua memória, pois o chip de suas idéias estava desconectado do circuito integrado de seu ambiente de rede. Disse ainda, que precisava acessar um atalho urgentemente, de modo, que pudesse ir a um arquivo cuja caixa de entrada, precisava atualizar para baixar suas palavras, pois estas, estavam deletando e ele precisava zipar sua web.
O cara virara virtual, seu cérebro estava apresentando vírus. Um programa estranho havia se instalado em seu monitor e ele não conseguia lembrar de sua senha e assim reiniciar seu processador de memória. O servidor do rei havia pirateado, ou melhor, pirado com sua janela interativa. Seus movimentos falharam por falta de um nobreak cujo login não pôde ser linkado pelo delete do licor de tangerina. E, quando o cara apagou, lá se foram texto e memória maximizados. 
                                                                                      Rosana Rodrigues

Crônica do dia: CRISE EXISTENCIAL

Imagem extraída de: olhares.com – ‘Janela indiscreta’ – Fangueiro – Paisagem urbana
A crise existencial havia se instalado em mim. Minhas noites eram intermináveis e insones. Meu mundo ruía em átimo de tempo. Não conseguia coordenar as idéias e, a cada instante, eu ficava mais vulnerável as emoções. Ao final da tarde, resolvi sair. Ver o por do Sol, escutar música, ver pessoas. Precisava urgentemente de emoções que pudessem me chacoalhar sub judice de meus questionamentos mais comuns. Na verdade, estava atônita com meu comportamento contraditório à pessoa amada; minha intolerância atingiu-a de forma tão arrogante e colérica que ao destilar veneno de “Inland Taipan”. Matei-me.
Ao final da tarde, encontrei-me com Lili, amiga de trabalho e psicoterapeuta ocasional. Fomos escutar Jazz, música erudita e tomar choppes em um bar charmoso da cidade. Eram quase 18h30, Belém parecia ferver a qualquer momento, a temperatura beirava aos 39º Gráus. Buscava o meu equilíbrio perdido entre palavras e confissões. Lá pelas tantas, após muitas lamúrias e querendo achar um culpado. Eis, que Lili, me apresenta (Roland Barthes). – Leia amiga, quem sabe, talvez encontre respostas para suas perguntas. Ao ler a “orelha do livro”, identifiquei-me: com uma frase perfeita. “O discurso amoroso é hoje de uma extrema solidão”. (fragmentos de um discurso amoroso). Esse livro é extraordinário porque ele discorre justamente sobre os fragmentos do amor, e, o objeto do desejo que é o “outro”. Se me proíbo ou não, isso pode ser mera coincidência.
A tarde fez- se noite. Eu continuava ali, às prosas com Lili. Já não estávamos tão sóbrias, entre goles e petiscos, as gargalhadas soavam como melodias diáfanas em sons presente entre conversas. Naquela tarde-noite, deixei de ser triste; para dar passagem a uma alegria efêmera, mas verdadeira, queria livrar-me do estigma degradante da grosseria desnecessária que maculou meu ser. Tarde da noite, nos despedimos, trocamos números de telefone, emails e a promessa de nos encontrarmos com mais freqüência.
Voltei pra casa. Comigo trazia Roland Barthes e uma infinidade de pensamentos. A contradição, a conduta o imperativo. Precisava urgentemente me esquivar do objeto de meu desejo, mas, meu desejo maior era encontrar- me, reencontrar, recortar um passado presente que me estrangulava e me absorvia. Era o fantasma do medo, da solidão encostada e incrustada em mim. Dormi, e quando acordei. Disse que não queria mais sofrer por você.
                                         Rosana Rodrigues
 

Crônica do dia: RESGATE

Imagem extraída de olhares.com – ‘Brilho de uma vida’ – Vitor Tripologos – Retratos
Hoje acordei com a sensação de que não dormia há dias. Olheiras, rugas, cansaço, lembranças dos desafetos. Minha aparência decrépita denunciava os anos e o fim.
Quando me olhei no espelho, não cri no que vi. Lá estava você reflexo de mim, contida em mim declarando amor escrito com baton. Minha cabeça girava como se eu estivesse embriagada, aliás, embriagada ainda estava, mas de amor. Talvez a ressaca moral que sentia naquele momento fosse maior que qualquer embriaguêz visivel e vexatória.
Havíamos selado o desejo de continuar a dois, sem a presença de tres ou mais. Não queria mais divisão, afinal, a relação de 12 anos andava frágil e estilhaçada. Saímos para jantar, tudo parecia calmo e transparente até a volta pra casa. Trocamos carícias, carinho e declarações de amor. Mas…, sem mais porquê, uma discussão fútil, inútil , sem fundamento. O embaraço conflitante daquela mixórdia, foi o suficiente para eu entender que o fim havia começado.
Pedi o divórcio não da relação, mas de mim. Fazemos escolhas e minhas escolhas começavam a emergir de uma estória que há muito havia morrido. As vezes insistimos em uma relação morta com o desejo ardente de ressuscitá-la e suscitar assim, o nosso desejo de permanência.
Começo agora a avaliar e reavaliar o preço da solidão acompanhada, essa causalidade que me dá um efeito negativo, até de mim.
Infelizmente, começo a ver as relações afetivas como meros negócios, criam-se sociedades essenciais à sua existência, tudo muito intrínseco e na maioria das vezes velados e dissimulados.
Quando ouço um discurso feminista, analiso bastante. São sempre belos discursos, frases feitas que discorrem sempre sobre o mesmo tema: A relação morta.
Sempre me pergunto: por anos de história, a mulher sempre foi um objeto feito para procriar, ser a esposa, a mulher do lar, dos filhos e do marido sempre infiel. Porquê isso é inerente do próprio “macho”. Com os tempos, fomos costruindo nossa própria história e ganhamdo espaço de igual pra igual. Hoje, estamos em todos os lugares, em todas as hierarquias. Entretanto, esquecemos que nossa força pode existir sem a banalização do sexo e sem perder a essência da feminilidade.
Trabalho. Logo sou dona do meu dinheiro, da minha liberdade e da minha verdade interior, não preciso sair na rua e gritar quem eu sou. Minha relação de12 anos, terminou, foi o fim do que há muito havia terminado. As brigas constantes, ciúmes sem motivos aparentes, cenas explícitas de vexames enfim…
Estou exausta, quero urgentemente voltar pra dentro de mim e resgatar a mulher incrível que sou.
                                               Rosana Rodrigues
 

Crônica do dia: Night and Day

Gosto da noite, nela posso publicar o impublicável de mim – mostrar minha alma para um desconhecido qualquer e rastrear sentimentos obtusos entre o lume dos bares.
Luzes, neons, som sonorizando loucura em altos decibéis, provocam em mim uma vontade estúpida de dançar, soltar meu corpo, me embalar em sonhos até cair na real do amanhecer.
Era uma sexta-feira, estava cansada, sozinha, vazia e cheia de medos. Queria sair a qualquer custo. Liguei insistentemente para várias amigas, afim de companhia. Mas ninguém naquele dia, parecia estar disposta como eu. Durante o dia, trabalhei feito uma condenada, fui à academia, fiz supermercado, enfrentei uma puta fila de banco, voltei pra casa, tomei banho escovei os cabelos – na quinta havia comprado um vestido preto, um desejo de consumo que me custou o “olho da cara” num shopping da cidade. Estava linda pra mim. Desarrumei os cabelos, calcei uma sandália de dedos, peguei meu carro e saí.
Não estava caçando ninguém, estava feliz com minha companhia. Encontrei Rosalba, amiga de faculdade. Rosalba estava no seu quinto casamento, e foi logo me epresentando o atual. Perguntou-me com quem estava, e eu disse que estava sozinha; ele, prontamente disse: estava. Caraca! O cara não parava de me assediar, e, eu já,e stava encabulada, mas Rosalba não percebia nada, ela havia exagerado nas tequilas muito antes de eu chegar. Ele, elegantemente, me convidou para dançar. Rosalba sinalizou que sim e lá fomos nós. Dançamos tão apertados, que parecíamos um casal apaixonados. Eu sentia seus batimentos cardíacos e ele minha ofegante respiração de mulher excitada; ao mesmo tempo, amedrontada. Voltamos à mesa, Rosalba dizia que esse era finalmente o amor de sua vida, e que, provavelmente, não teria o sexto marido. Rimos, mas meu riso foi mais insosso que sopa de hipertenso. Lá pelas quatro da manhã, me despedi de Rosalba e Conrado. Somente ao me despedir, foi que compreendi seu nome. Ele anotou o número de meus telefones e eu voltei pra casa só, e com aquele homem na cabeça e no coração. Não consegui dormir.
Às dez da manhã, meu telefone convencional tocou – era ele. Conrado me convidando para saír, perguntei por Rosalba e ele disse que ela estava dormindo, e, que, provavelmente só acordaria no final da tarde. Pensei por alguns segundos e ele insistiu – sim, você quer sair comigo ou não? Pedi-lhe um tempo, o tempo suficiente para tomar uma banho quente para esfriar a cabeça, trocar de roupa e lhe dizer sim. Disse sim pra mim e pra ele. Saímos em meu carro, por precaução, pedi que deixasse o seu na garagem do meu prédio. Saí com Conrado, fiz amor com Conrado, Fui feliz com Conrado e hoje…? Estou sem o amor de Conrado, não estou com o Conrado, Rosalba não fala mais comigo e continua casada com Conrado.
                                                                                           Rosana Rodrigues

quinta-feira, 10 de março de 2011

Maestro Waldemar Henrique

Fotografia extraída do GOOGLE
blog ronaldofranco.blogspot.com 
   Waldemar Henrique da Costa Pereira, nasceu em Belém do Pará em 15 de fevereiro de 1905, pianista e compositor, passou sua infância na cidade de Porto, Portugal. Voltou-se para a música quando retornou ao Brasil (apesar da forte oposição da família. O que o fez, de certa forma, a estudar clandestinamente). Em Belém, em 1918, estudou solfejo e piano com Nicota de Andrade. Estudou também violino, harmonia, composição e canto.

"Minha Terra", composta em 1923, foi sua primeira música de sucesso. Estudou no Conservatório Carlos Gomes, em 1929, tendo como professores Filomena Brandão e Ettore Bosio (harmonia e composição), e Beatriz Simões (piano). Ainda nesta época, seu pai insistiu, mais uma vez, com que se desviasse de sua vocação, empregando-o num banco.

No Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1933, estudou piano, composição, orquestração e regência com Barroso Neto, Newton Pádua, Arthur Bosmans, Lorenzo Fernandez. Suas obras têm principalmente como tema o folclore amazônico, indígena, nordestino e afro-brasileiro (elementos praticamente desconhecidos, ate que Gastão Formenti os gravasse na Victor). Rádios, teatros e cassinos do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte foram os locais de sua maior atuação, tendo excursionado por todo o Brasil e pelo exterior (Argentina, Uruguai, França, Espanha e Portugal).

Sua irmã, a cantora Mara Costa Pereira (Mara Henrique Ferraz) (1916-1975) acompanhava-o sempre em suas apresentações. No Rio de Janeiro, além de professor, produziu programas para várias emissoras; na Rádio Roquete Pinto foi diretor da seção de música orquestral. Comissionado pelo Itamaraty, excursionou pela França, Espanha e Portugal, em 1949 e em 1955, e pelo Paraguai, Uruguai e Argentina, em 1953 a 1954. Apesar da sedimentação de sua carreira, seu primeiro disco foi gravado somente em 1956, com interpretação vocal de Jorge Fernandes. É autor da primeira versão musical de "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto (1958), poema dramático premiado pelo Jornal do Comércio. Por mais de 10 anos, o compositor dirigiu o Teatro da Paz, de Belém, PA.

Trabalhou no Departamento de Cultura e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, RJ. O livro "Waldemar Henrique: o canto da Amazônia", de José Claver Filho, foi publicado pela Funarte, em 1978 (vol. 2, da Coleção MPB).

Em 1981 foi eleito para a Academia Brasileira de Música.

Belém homenageou Waldemar Henrique em um desfile de escola de samba, em 1985, quando o compositor completava 80 anos. Compôs mais de 120 canções, das quais pode-se citar "Abalogum", "Abaluaiê", "Adeus", "Boi-Bumbá", "Cabocla Malvada", "Coco penuruê", "Curupira", "Cobra grande", "Essa Negra Fulô", "Matintaperera", "Meu Boi Vai-se Embora", "Meu Último Luar", "No Jardim de Oeira", "Uirapuru".



O último texto


"Música... minha predileção, meu achado, minha fantasia, meu rumo. Sempre fui guiado pelos sons: o apito de um navio, o badalar de um sino, o toque de um tambor, a ressonância de uma voz humana. Fôsse pingo d'água ou assobio, cigarra ou trovão, inverno ou primavera, outono ou verão. Mãos acenando, chegando ou partindo, abraços e beijos, sorrisos e lágrimas."


Por: Maria do Carmo Nogueira da Gama (texto)


e Adalberto Carvalho Pinto e Regina Makarem (discografia)






Para conhecer melhor Waldemar Henrique (todos em CD):


o Radamés Gnattali e Waldemar Henrique, com Orquestra de Câmara de Blumenau e Joel Nascimento - Atração Fonográfica (ATR 32045), 1998 (relançamento ao vinil promocional da BASF - 006, de 1986).


o Waldemar, com Nilson Chaves e Vital Lima (OBR- 003) - Outros Brasis, 1994.


o Canto da Amazônia, Projeto Uirapuru vol. 2 - Maria Helena Coelho Cardoso, PA 0010, Secult-PA, 1997.


o Amazônia é Brasil - Turibio Santos e Carol McDavit, Secult-PA, 1999.


o O Poeta e seu Canto - João de Jesus Paes Loureiro, Secult-PA, 1999.


o Pássaro da Terra - Peça de João de Jesus Paes Loureiro Musicada por Waldemar Henrique, Escritura, 1999.


o Fiz da Vida uma Canção... - Andréa Pinheiro canta Waldemar Henrique, Secult-PA, 2001.


o A Música e o Pará - Arthur Moreira Lima Interpreta Waldemar Henrique, Secult-PA.






Fonte de referência para este texto:


"Enciclopédia da Música Brasileira" - Editora Publifolha, 1999.



quarta-feira, 9 de março de 2011

Tamba-Tajá - Waldemar Henrique

Tamba-Tajá

Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e paralítica.
O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e amarrou a índia à sua costa, levando-a para todos os lugares em que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e constatou que a sua esposa tão querida estava morta.
O índio foi à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé.
Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para continuar vivendo.
Algumas luas se passaram. Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis. Era a TAMBA-TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino.
A união das duas folhas simboliza o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi.
O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes místicos.
Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta apresenta mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que existe infidelidade entre o casal.
De qualquer modo, vale a pena cultivar em casa um pezinho de TAMBA-TAJÁ.
 
Texto extraído: http://www.cdpara.pa.gov.br/tamba.php


http://www.youtube.com/watch?v=Pr9eEK4ubfo













sábado, 5 de março de 2011

Saudade


SAUDADE

Sinto saudade, uma saudade de ti e não do que vivi contigo, porque o que vivi contigo foram desgastados pelo silêncio tão reincidente. Sinto saudade de um quê que não vivi contigo. Mas tuas lembranças me vêm – elas sempre vem, todo dia, toda hora como tormento me invadindo a dor e se apossando de mim feito inquilino inquisidor. Uma loucura solta que atravessa meu peito lutando covardemente contra o tempo que parece não passar e sarar nunca. Não sei sentir saudade de ti sem esquecer de mim. Sim, sei, é patológico, mas adoeci justamente no momento em que te conheci. Eras visivelmente bela e oposta aos meus sonhos. Fomos nos aproximando por acaso, e, por acaso, saímos, nos vimos e eu me apaixonei por nós duas. Tua beleza era convexa e refletia em teu espelho interior, só tu te vias e a cada dia esquecias de mim. 
Resolvi me aproximar de mim e esquecer de ti. Voltei pra mim, mas tua presença ainda me acorda nos dias e todos os dias lembro do que não vivi contigo.

                                                                 Rosana Rodrigues
                                                                     05-03-2011











quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Belém, da memória e do aniversário - 395 anos

Grand Hotel - Av. Pte. Vargas Séc XX,  demolido em 1975 para dar lugar ao hoje Hilton Hotel
Foto extraída do Livro Belém da Memória

Dona Belém está fazendo aniversário, 395 anos. Quem diria... Dona Belém da Belle-Époque; a mesma que viu os bondes surgirem, viu os bondes partirem.
Foi frequentadora assídua do Grande Hotel, morou na Rua da Paz, foi vizinha da Baillique, curtiu o Largo da Pólvora, viajou no "Presidente Vargas", trilhou nos trens da "Belém Bragança". Foi amiga de Denner, Eneida de Moraes, Dalcídio Jurandir e tantos outros ilustres que Dona Belém se dava tão bem. Essa senhora teve filhos, infinitos netos, bisnetos, tataranetos e por aí adiante. Dona Belém foi uma das mais elegantes senhoras desse país no século XIX, em seu lar, recebia pessoas de todas as classes sociais, afinal, era ela muito refinada. Na Europa, chamavam-a de "Princesinha do Norte" arquitetos europeus, muitos da Itália, chegavam trazendo na "bagagem" planjamento e obras de arte que seu apaixonado Antônio José de Lemos mandava buscar. O Intendente de Dona Belém, queria vê-la, luxuosa, imponente e bela. Por isso, não poupava esforços e nem dinheiro para ver sua amada cada dia mais linda, despertando inveja naqueles que não a souberam amar.
Dona Belém, gostava de apreciar o carnaval no Largo da Pólvora, e que depois, seus tataranetos a transformaram em praça - Praça da república.
Hoje, Dona Belém está completando mais um ano de vida. Pena que já não esteja mais lúcida para ver as transformações que seus familiares fizeram em sua casa. Os Trens já não existem mais, deram lugar a um trânsito caótico e que se complica a cada dia.
O Hospício, a Casa Cruzeiro, a Fábrica Palmeira, o Grande Hotel, O Cine Palácio - e que Palácio! O Teatro São Cristóvão, agora fazem parte do passado. Até as ruas, tiveram seus nomes trocados, e assim, os netos de seus tataranetos jamais saberão como começou a vida de Dona Belém e de seu grande amor Antônio Lemos, a quem lhe dedicou incondicional amor. Mas..., estão festejando, e, acredite se quiserer; nos mais altos decibéis. Tirando o sono, o sossego e a paz dos amigos de Dona Belém, que lhe querem tão bem.


Receba meu carinho, meu afeto e meus parabéns por mais um ano, minha querida D. Belém.

12/01/2011 Rosana Rodrigues