Gosto da noite, nela posso publicar o impublicável de mim – mostrar minha alma para um desconhecido qualquer e rastrear sentimentos obtusos entre o lume dos bares.
Luzes, neons, som sonorizando loucura em altos decibéis, provocam em mim uma vontade estúpida de dançar, soltar meu corpo, me embalar em sonhos até cair na real do amanhecer.
Era uma sexta-feira, estava cansada, sozinha, vazia e cheia de medos. Queria sair a qualquer custo. Liguei insistentemente para várias amigas, afim de companhia. Mas ninguém naquele dia, parecia estar disposta como eu. Durante o dia, trabalhei feito uma condenada, fui à academia, fiz supermercado, enfrentei uma puta fila de banco, voltei pra casa, tomei banho escovei os cabelos – na quinta havia comprado um vestido preto, um desejo de consumo que me custou o “olho da cara” num shopping da cidade. Estava linda pra mim. Desarrumei os cabelos, calcei uma sandália de dedos, peguei meu carro e saí.
Não estava caçando ninguém, estava feliz com minha companhia. Encontrei Rosalba, amiga de faculdade. Rosalba estava no seu quinto casamento, e foi logo me epresentando o atual. Perguntou-me com quem estava, e eu disse que estava sozinha; ele, prontamente disse: estava. Caraca! O cara não parava de me assediar, e, eu já,e stava encabulada, mas Rosalba não percebia nada, ela havia exagerado nas tequilas muito antes de eu chegar. Ele, elegantemente, me convidou para dançar. Rosalba sinalizou que sim e lá fomos nós. Dançamos tão apertados, que parecíamos um casal apaixonados. Eu sentia seus batimentos cardíacos e ele minha ofegante respiração de mulher excitada; ao mesmo tempo, amedrontada. Voltamos à mesa, Rosalba dizia que esse era finalmente o amor de sua vida, e que, provavelmente, não teria o sexto marido. Rimos, mas meu riso foi mais insosso que sopa de hipertenso. Lá pelas quatro da manhã, me despedi de Rosalba e Conrado. Somente ao me despedir, foi que compreendi seu nome. Ele anotou o número de meus telefones e eu voltei pra casa só, e com aquele homem na cabeça e no coração. Não consegui dormir.
Às dez da manhã, meu telefone convencional tocou – era ele. Conrado me convidando para saír, perguntei por Rosalba e ele disse que ela estava dormindo, e, que, provavelmente só acordaria no final da tarde. Pensei por alguns segundos e ele insistiu – sim, você quer sair comigo ou não? Pedi-lhe um tempo, o tempo suficiente para tomar uma banho quente para esfriar a cabeça, trocar de roupa e lhe dizer sim. Disse sim pra mim e pra ele. Saímos em meu carro, por precaução, pedi que deixasse o seu na garagem do meu prédio. Saí com Conrado, fiz amor com Conrado, Fui feliz com Conrado e hoje…? Estou sem o amor de Conrado, não estou com o Conrado, Rosalba não fala mais comigo e continua casada com Conrado.
Rosana Rodrigues
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